sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Contos de Tinta III - Kaleo

Entre tantas criaturas imortais, existem aquelas que se destacavam pela maldade e crueldade. Kaleo, ou Kaleodormu, um dragão de bronze foi o que me provou que existe a maldade em cada grão de areia. Kaleo não é um dragão de bronze qualquer. Por onde foi criado, por onde nasceu, era onde os dragões de bronze, aqueles que são vindos da areia do tempo, são dragões que manipulam os segundos, até os anos; um simples dia pode se passar em questão de segundos, como pode perdurar como se fosse uma eternidade. E por assim dizer, são as criaturas mais poderosas entre mesmo os outros dragões daquela realidade.

A ordem foi tentada por Astherium, o grande pai dos dracônicos. Deixou o mais sábio para cuidar de todos e assim Kaleodormu fez, criou seus outros seis irmãos, machos e fêmeas. Mas um mundo recém formado é alvo de vários deuses de outros panteões. É dito que Helm desejava dar a luz para esse mundo, da mesma forma que Tenebra e Sombria queriam esquilibrar. E a presença desses deuses fez com que o véu da realidade se tornasse tão fina quanto uma membrana de água que se segura acima do nível de um copo para não desabar.

Os mortais que viviam neste lugar foram reinados por dragões por muito tempo, os sete dragões que espalharam-se para terem reinos diferentes ao gosto próprio. Reinos que nem sempre eram entre os mortais e se dividiram entre os sete:
  • Kaleo, o dragão de bronze: ficou com a maior parte dos desertos para si. O calor, e a tempestade eram o que lhe agradavam aos montes. Seus poucos povos eram em geral nomades.
  • Mantic, a dragoa vermelha: ficou com os vulcões e areas montanhosas de constante erupção, sua população consistia em elementais e djins.
  • Faine, a dragoa branca: ficou com as montanhas glaciais e os extremos dos polos. Dizem que ela poderia ser vista nos dois lugares ao mesmo tempo, mas o clima fez com que se isolasse mais de todos.
  • Scy, a dragoa verde: ficou no plano dos sonhos, onde não poderia ser atingida, pois esta havia sofrido bastante nas mãos de seu irmão negro.
  • Nith, a dragoa azul: ficou entre elfos e humanos, contribuiu bastante para espalhar o conhecimento mágico, mas acabou elitizando a própria cidade mágica que vivia, se isolando dos demais.
  • O último, o dragão negro, este não contente com a situação, acabou por se rebelar, causando grandes problemas para cada um dos seus irmãos, até que foi confrontado por uma horda de um único dragão que era Kaleo. 
Infelizmente, o desfecho fez com que os "normais" acabassem ficando sem guia. Desejo de Morte como foi conhecido o Dragão Negro que espalhou o caos e o medo, acabou afetando Nith e Scy, tornando-as agressivas em suas personalidades, ou corrompendo mesmo em seus próprios terrenos.

*Suspira* A humanidade não pode ficar sem um instrumento de fé. Foi esse o momento certo em que nem o bom e o ruim tinham guias. Separaram-se em dois de uma grande massa, as criaturas diurnas e as criaturas noturnas com a intervenção de Helm e Tenebra. Mas a ambição do homem e o fato de verem os dragões que deveriam ser protetores não fazerem seus papéis, foram obrigados a mudar suas crenças e rapidamente se voltar contra seus próprios protetores. 


"Quis Custodiet Ipsos Custodes."
- Platão

A mentira e o caos deixado por Desejo de Morte foi suficiente para deixar os seis remanescentes dragões em xeque. Aqueles que ainda distribuíram confiança conseguiram ter seus seguidores mais fieis espalhando a verdade, e assim Mantic conseguiu salvar uma porção de si mesma e conseguiu evitar qualquer dano sério na guerra a seguir.

A Guerra dos Cem Anos não teve uma data marcada ou um marco exato de quando começou, mas seus princípios foram notados quando os sonhos foram ficando cheios de mentiras e ambições. Sem que nem mesmo Scy pudesse se defender, a dragoa verde foi atacada na própria realidade por clérigos de Helm e Tenebra. Nith foi a segunda que mais tinha contato com a humanidade, foi atacada na própria fortaleza mágica. Mantic se trancou nas montanhas com seus seguidores, o que foi impossível a penetração; o sistema de tuneis de onde morava sempre acabava levando os invasores para fora, logo foi resignado a idéia de tentar derrotar a dragoa. Faine, pelo mesmo motivo que Mantic e por sua natureza extremamente anti-social acabou sendo impossível alcançar. E Kaleo que não era tão protegido geográficamente, foi o que teve a melhor preparação para derrubar o dragão. A elite da elite comandou uma massa quase infindável de mortais que tingiram o deserto interminável de uma cor que certamente não se assemelhava à areia.

Kaleo, o mais velho, era seu título e realmente mostrou ser melhor preparado que qualquer outro dragão em quesito de surpresa e em batalha, já que não tinha tanta vantagem geográfica como alguns de seus irmãos. Mesmo sendo aquele que substituiu seu próprio pai, o deus criador, teve toda a chance chance de evitar a revolta e o massacre que seus irmãos sofreram, mas mesmo assim errou e pecou. Sem um segundo de chance para descansar, onde de dia Helm mandava suas forças, e de noite Tenebra atacava, lutou sem parar por três anos seguidos, onde finalmente conseguiu obter a sua primeira luz de vitória contra Helm, conseguindo aprisionar a essencia daquele deus. Sobrando apenas as forças de Tenebra, enquanto o combate se seguiu em solo imortal, dezenas, centenas e milhares de corpos tingiram o deserto. E mesmo assim, Tenebra que tinha os vampiros como seus maiores e mais poderosos seguidores, conseguiu causar um dano em Kaleo que o dragão ficaria marcado para o resto de sua vida.

Não mais Helm, e Tenebra estava sozinha. Fraca, foi obrigada a se retirar. Nith havia sido esmagada e os restantes dos magos se dispersaram. Scy acabou por se trancar para sempre no plano dos sonhos. Faine no fim teve o que sempre quis, a paz e nada lhe batendo na porta de casa. E Mantic, nunca mais desejando ver ninguém mais que causou ou participou da guerra, acabou por fundar sua própria cidade com seus próprios seguidores onde atingiriam a utopia por si só nos anos seguintes. Sentindo-se culpado por negligenciar seus deveres e a perda de muitos dos seus irmãos que chegou a criar sozinho, Kaleo acabou por perder tudo, se isolando por um bom tempo pelos anos seguintes.

Seu isolamento foi claro devido ao erguimento de uma enorme tempestade de areia que quaisquer seres vivos que tentassem entrar, suas peles eram praticamente dilaceradas. Dizem que quem se aproximava da enorme cortina de areia no coração do deserto, poderia ouvir os lamentos e lamúrias do dragão da areia.

- Por que...? Por que cometi... um erro... TÃO... tolo? Esssste corpo é fraco... preciso de algo... mais poderoso... mais...maissss.... immmmortal, algo... maissss próximo... a meu pai........ HELM! Sssssiimmmm... tantossss objetosss para catalogar, espécimes ainda "vivos"... esssstesss vampirosss... essstessss licantroposss.... Areiassss do deserto, tragam a mim aqueles que sobreviveram. Traga para mim... TODAS ESSAS CRIATURAS! 

E assim, os anos seguintes, Kaleo ficou apagado em seu canto. Anos seguintes proporcionaram um pouco de paz até a terra estremecer de novo com o rugido de um outro dragão negro. Dragão negro que foi desde o início malvisto por causa de Desejo da Morte. E ironicamente o nomearam Voz da Morte. Por onde seu rugido era ouvido, de maneira incoerente, os mortais acabaram por atacar o dragão negro que no fim não esperou muito por uma relação diplomática. Preferiu atacar de volta, pois quis procurar pelos próprios dragões dali. 


Voz da Morte era muito mais velho que Desejo de Morte e Kaleo. E pelo fato do seu sangue dar geralmente indício aos traidores da familia, não foi recebido bem pelos Aspectos Draconianos locais. Foi peitado de frente por Mantic onde a batalha daqueles que eram mais poderosos físicamente acabou por durar alguns dias até a intervenção de todos os irmãos. 



- Tolossssss, não passsam de TOLOSSSSS!!!! Esssstão todossss sendo manipuladosss. Deixe-me mosssstrar a verdade.

E o que nosss garante que não vai nos trair quando tiver oportunidade como Desejo de Morte fez conosco?

Embora tivesse poucas oportunidades de se expressar, Voz da Morte não tinha tanta paciência. E nem mesmo os outros dragões. Foi atacado por Faine de imediato. A dragoa branca dos polos fez com que várias estacas de gelo descessem pelos céus. Porém contra um ser mais experiente, pouco dano foi causado. Seu corpo bem mais preparado físicamente e calejado com a experiencia, Zergh revidou um ataque físico rápido, arrancando uma das asas de Faine com apenas o uso de suas Garras. 

- Esssscuteeemmm! Exissssste... maisssssss um traidor!

CHEGA! NÃO MAIS OUÇAM AS PALAVRAS DISTORCIDAS DESSE TRAIDOR QUE MATOU TODOS SEUS IRMÃOS PARA VIR ESPALHAR O CAOS AQUI!.

A voz de Kaleo foi suficiente para alertar Mantic e Faine que ainda feridas, atacaram Voz da Morte. Kaleo que estava se preparando para criar mais cópias de si mesmo, foi interrompido por uma poderosa aura e magia, que se quer pode ver de onde veio. Até mesmo para ele, aquilo era novidade, já que nunca tinha brigado com sua irmã azulada.

- Já que não exisssssste a oportunidade de me ouvirem, então enfrente a ira de ssssua irmã, Kaleo, o destruidor!

Zergh havia preparando com antecedência a volta de Nith. A irmã falecida durante a primeira guerra havia retornado, atacando Kaleo de novo com muita furtividade e invisibilidade. Suas garras desceram desceram pelo rosto do dragão de bronze, deixando uma cicatriz permanente em Kaleo, cegando-o completamente no olho direito. 

- DEIXASTE me morrer, querido irmãozinho. Porém és a minha hora de buscar-te para te levar ao inferno comigo. Não imaginas o quanto esssperei por este momento! 

N-Nith? Como... como assim? Não pude lhe achar na Cidadela Arcana! Procurei-te por dias e revirei cada canto que podia!

Irmão tolo! Obviamente não tentaste o suficiente! Chorei por teu socorro muitas vezes. E agora... quem me ofereceu uma segunda chance de viver foi Tenebra com a promessa que teria de acabar contigo!

As escolhas mais difíceis de Kaleo estavam à sua frente. Não podia ir enfrentar Zergh diretamente por que Nith estava faceando-o e ao mesmo tempo, teria apenas a única escolha de salvar suas duas irmãs só se vencesse Nith, dragoa que estava completamente peturbada mentalmente e repleta de anseio de vingança. Não só um irmão mais velho como um pai que substituiu o real, tinha que agora tomar decisões difíceis. Respirou fundo ainda desejando preservar a vida dos que estavam vivos de verdade e decidiu prosseguir. Avançou contra a dragoa azulada, mesmo sabendo que não teria chances de enfrentar num combate mais físico, já que ela sempre usava magias para incrementar não só força física, mas resistência e até tamanho. 

Seu corpo esguio e draconiano foi facilmente repelido com a caudada de Nith, jogando-o para contra o chão, causando uma ruptura no solo. Certamente nada que ele fizesse poderia contra Nith, já que ela tinha um dom que podia evitar o uso do tempo. Era característico dos dragões azuis serem tão poderosos... tão esmagadores quando o quesito era magia. E por alguns instantes, o pensamento veio... como as tropas de Tenebra e Helm haviam enfrentado ela? Por que ela se aliou a Tenebra que fez parte da própria execução? Kaleo estava em xeque e logo não ia restar nem suas duas irmãs, nem mesmo ele. 

- PENSE NITH! DEIXARÁS SUAS IRMÃS SEGUIREM O MESMO DESTINO QUE TEVE? A MORTE?

- TOLO IRMÃO, achas mesmo que elas poderão retornar? Eu adquiri a imortalidade eterna! EU viverei para sempre! 

E a que CUSTO? A morte delas? Pode me levar, mas não deixarei que leve elas!

- Deixai-me cuidar disto. A magia de Nith não poderá influenciar diretamente nos sonhos.

A aparição de Scy sem mais nem menos para parar Nith foi um tanto inesperado para tanto o de bronze como a azulada. Não estava em sua forma real, muito menos era sólida. Era apenas uma figura espectral, numa silhueta de uma bela mulher de cabelos verdes, uma elfa da silvestre. Scy era a mais velha das femeas, que poderia impor respeito em Nith com mais facilidade, embora força e falta de liberdade não fizessem parte de si como atividade contra os outros.


Aceitando o jogo de criaturas pequenas como desafio, Nith assumiu a forma humana. Com a proximidade dos alto elfos, usou a forma deste, mas numa versão feminina. Alto elfos que eram conhecidos por seu conhecimento mais alto com as magias, foram as criaturas que Nith acabou se aproximando.

Scy que tinha afinidade com os elfos silvestres que em grande maioria eram druidas, iniciou a batalha erguendo suas duas mãos e invocando um enorme elemental de galhos, raízes e minerais do tipo mais resistente que a região poderia oferecer agora. Mais jovem e ao mesmo tempo não menos inteligente e sábia, Nith respondeu diretamente com a invocação de um grande elemental de puro fogo.

Os tentáculos flexíveis de cipó, raiz e galhos brandiram a enorme rocha que era usada como arma e atingiu o corpo de fogo várias vezes, sem causar muito dano, apenas dissipando o fogo enquanto a firmeza da rocha segurada era cada vez menor.

Kaleo por sua vez seguiu diretamente contra Zergh onde tinha nocauteado Faine e Mantic. Comparado ao dragão negro, a cicatriz de seu olho era algo agravante e desabilitador onde deixava um ponto cego, e claro, numa batalha entre criaturas como os dragões eram, isso certamente causaria uma desvantagem grande. Sinceramente, difícil achar que Kaleo venceria um dragão muito mais velho, sendo que o grupo dos negros e vermelhos eram conhecidos como mais poderosos físicamente. Mas nas mãos de alguém inteligente, o destino pode mudar drásticamente. E assim qualquer tentativa de ataque de Zergh foi falho, enquanto que aos olhos humanos, era difícil acompanhar a velocidade que Kaleo agia. E tão rápido, atacou Zergh de vários sentidos e direções, sem causar danos muito significantes. A carapaça do preto era forte, resistente e vigorosa. Os ataques de Kaleo não causavam muito dano, pior, mais acabavam machucando suas garras. 

- Tolo, vai acabar consigo mesmo em menos tempo que suas irmãs aguentaram.

E mesmo asssim, farei tudo o que posssssssssooooo!!! Tudo para te parar!

E assim, Zergh lançou uma baforada de ácido que fora contra-atacada com o mesmo estilo de ataque, com a única diferença que o elemento de Kaleo era o trovão que partiu de sua boca como algumas fagulhas e depois apenas um clarão. Ambos de linha única e reta, cruzaram e se chocaram causando uma enorme neblina de ácido evaporado naquele instante. Aquele choque, a alta voltagem e a potencia dos dois ataques certamente mudava a composição do ácido, deixando a neblina um tanto inofensiva. 

- Está fraquejando, aujir - que significava "bronze" na linguagem dos dragões -. Está fraco e desacostumado com batalhas. Está... ficando mais lento e seus ataques não estão tão fortessss como antes.

Sem comentar nada, cada minuto que passava, sendo questão de segundos amais para Kaleo, estava realmente mostrando sinais de cansaço avançado. 

Kal! - Era como Faine chamava a Kaleo. - Chega!

- Não... vá além disso, meu irmão! Finalmente tinha melhorado daquilo! Por favor! - Disse Mantic, mesmo sendo o oposto em tudo à sua irmã Faine, Kaleo era guardado como um irmão para aqueles que sobreviveram, um irmão querido e ao mesmo tempo pai.

Eu farei tudo.... tudo o que tiver no meu alcanssssse para derrrotar essste ssser.... Nem que vocêssssss.... tenham de me DERRROTAARR DEPOIS!

Dragões que eram mais fortes físicamente não possuíam dons mágicos e a proporção ocorria no outro sentido também. Kaleo com certeza iria perder a batalha contra Zergh se continuassem com aquilo. Este dragão negro era diferente de Desejo de Morte, era mais experiente, bem mais experiente, mas não tão conhecedor de tudo ou dos aspectos arcanos.

- E assim verão a verdadeira forma do tão "querido" irmão de vocês!

Encurralado em questão de batalha, Kaleo finalmente decidiu debandar, saindo da batalha.

- Facil assim? Deixar suas próprias irmãs? Serão todas... todas minhas consortes. - Zergh voltou-se para Faine e Mantic que estavam caídas, as duas sabendo que precisavam apenas ganhar tempo. - A começar com vocês duas. Minhas escravas. - Tanto Faine como Mantic, rendidas, eram apanhadas por seus pescoços. Estavam reduzidas em suas formas humanas, por causa da contribuição de Nith que havia dado em como Zergh poderia realizar isso como uma simples magia.

Faça o que achar que vai conseguir, vai ser esmagado hoje! - Mantic cuspiu no rosto de Zergh, era a caçula, e com certeza a de temperamento mais explosivo. E diferente dela, Faine era calma, mesmo expressando dor no rosto.

- Ahhhh, o temperamento das caçulas, essa em especial por ser vermelha é bem... "quente". - E sem que Zergh notasse, os céus se escureceram de imediato. Lufadas de ventos mudavam o clima que do dia, transformaram só aquela região de em noite. Não haviam uma centena de dragões como Kaleo tinha feito contra o exército de Helm e Tenebra, não, eram milhares. Passado e Futuro se encontravam em um segundo alí. Eram tantos dragões de bronze que cruzavam os céus, desde o menor até alguns que não possuíam mais corpo ou eram apenas um esqueleto. E todos alí concordavam apenas com uma coisa, que Zergh deveria ser derrotado. 

Tão logo assumiram a forma humana, a forma humana que Kaleo sempre assumia, cada um equivalente ao seu gigante, mas ainda sim um alto elfo, de escudo de corpo e um machado de haste longa que mais parecia uma lança. Era horrorizante ver que apenas um dragão realmente poderia inundar aquele local todo com a sua única e mera presença. Horror que foi visto nos olhos de Zergh ao ouvir a voz de Kaleo em unissono.

Desafiou a este mundo Zergh. Mundo que não lhe pertence, mundo que a paz estava começando a reinar.

- E MESMO ASSIM ERA APENAS QUESTÃO DE TEMPO ATÉ OUTRA GUERRA ESTOURAR!

MAS NÃO É TEU PARA ESPALHAR A DISCÓRDIA!.

- SIM EU SEI DISTO. MAS TAMBÉM VIM DIZER A TEUS IRMÃOS A PURA VERDADE! O PROPÓSITO DE TODOS, O PROPÓSITO QUE VOCÊ ESCONDE, KALEO!

A ira de Kaleo crescia cada vez mais. A impaciencia de suas outras formas, outras idades começavam a mostrar-se mais impulsionadas a atacar Zergh a qualquer instante. Mas naquele tempo, naquele momento, naquele mundo, era só um que poderia ditar. Cada um outro ditava seu próprio tempo aonde pertencia e o tempo certo aonde ditava.

Mas tudo o que está fora do contexto, deve ser eliminado para que a ordem natural seja atingida. - E aquilo como um recado final, fez com que a saraivada de lanças descessem dos céus e atingissem a um único ponto repetidamente com uma precisão perfeita. A cada Kaleo que atingiu Zergh, este desaparecia, até sobrar o ditador daquele tempo, terminando com sua lançada final, derrubando o corpo de Zergh que tinha seu último suspiro inquieto e agitado.

A guerra estava terminada. Nith foi induzida ao sono por Scy e levada para onde ninguém poderia realizar alguma maldade, onde somente os sonhadores poderiam talvez alcançar. Faine e Mantic foram levados por seus seguidores, enquanto cada figura de Kaleodormu foi se dissipando, cada um retornando ao seu tempo, à sua era. O corpo de Zergh foi levado pelo próprio Kaleo daquele tempo para nunca mais ser encontrado e aterrorizar as mentes simples e mortais. Me pergunto as vezes aonde poderia ter ido, desaparecido, um corpo... de um ser tão forte?





Anos se passaram, não houve mais notícias de Zergharion, e a ordem da luz estava despedaçada. Embora sem balanço harmonioso, a luz e as sombras estavam quietas. Mas a verdade que Tenebra planejava algo. O panteão que ficara quieto estava apoiando Tenebra. Kaleo que havia assumido o lugar de seu pai acabou por não mais participar das reuniões entre deuses e permaneceu direto e para sempre no deserto, onde a enorme cortina de areia lhe protegia. Catalogava tudo o que tinha, e o que não tinha sem parar, dando sempre essa desculpa quando requisitavam sua sabedoria. E foi assim que Tenebra conseguiu ganhar os votos dos deuses menores para ascender sempre, finalmente ficando encarregada da humanidade, ou ao menos do que restou.

Com tantos novos seguidores, um deus cresce assim rapidamente. Seu nome era citado por vários cantos, onde cada ano que passava, a fé incrementava o poder da deusa. Logo, Tenebra estava tão poderosa a ponto de desafiar os dragões de novo. A guerra mais uma vez iria distribuir mortes e causar consequencias imensuráveis.

O Sol se escondeu, e as quatro luas iluminaram o mundo. Criaturas noturnas como lycans e vampiros se multiplicaram, principalmente os vampiros que logo podiam se procriar com as almas mortais com tanta rapidez. Aquele estado de eclipse foi o primeiro passo de Tenebra para deixar suas criaturas livres. 

Mas isso não foi só sua única vantagem, criaturas vis que não podiam ficar na presença do Sol se juntaram à causa da deusa e levantaram mortos, mortos desde a primeira guerra. Isto incluiu os outros irmãos de Kaleo que faleceram como Desejo de Morte, mas não Voz da Morte. Este último o corpo não havia sido encontrado.

Porém os anos que se passaram não foram em vão para os dragões. Mantic acabou tomando um rumo onde jamais seria encontrada e jamais encontraria qualquer um. Dizem que ela tinha recebido um plano, assim como sua irmã Faine. Opostas naturalmente e ao mesmo tempo com seus reinos, jamais se juntariam à briga desnecessária. Scy, com sua cria e Nith se trancaram no mundo dos sonhos e pesadelos onde poderiam para sempre serem inalcançáveis. Fé nos dragões era raro, salve pela ajuda de suas irmãs, Kaleo mesmo não possuía seguidores. Havia se tornado um ser completamente solitário e estava em suas mãos. 


Sem apoio de ninguém mais, a unica chance que tinha era de enfrentar Tenebra diretamente. Algo... que não era novidade, uma vez que seu próprio eu tinha avisado na última guerra. Deve ser fácil já saber o que deve ser feito, uma vez que tem guia de si mesmo em certas situações. Talvez pelo fato de manter a linha do tempo certo é que Kaleo tenha descoberto como mudar a seu favor em certos aspectos que lhe facilitariam a vida. 

E assim, diretamente, Kaleo desafiou Tenebra frente a frente, diretamente contra a deusa. A única chance onde depositaria todo seu conhecimento e habilidade para lutar não pelos humanos e mortais, mas para proteger seus irmãos. Algo que tinha virado uma obcessão. 

Foi difícil dizer se houve um vencedor ou não para uma luta onde demorou anos. 








- Pai, vim buscar o que é por meu direito.

- Ha... então o pirralho veio buscar o que nunca lhe darei. Dê-me motivos.

Simples assim? - Disse outro Kaleo que se manifestou como se fosse feito de areia até se solidificar e ganhar cores.

Hmm... difícil achar que vai ganhar de mim com dois.

Então deixe-nos te esclarecer... - Disse um terceiro Kaleo.

- Que não seremos um... - Mais um aparecia.

- Nem menos dois... - E assim cada um que aparecia, complementava.

Mas sim, TODOS que o tempo permite. - Todos diziam em unissono. - E todos que conseguiram obter o que precisavam de ti.

Genial, pirralho, mas está um milênio atrás de conseguir me vencer. - A hesitação na voz de um deus era raro. Astherium foi conhecido como o criador de tudo. A batalha não durou com a força esmagadora dos Kaleos que vieram do futuro. Estes mostravam-se muito mais poderosos, atingindo um nível acima para derrubar Astherium, O Criador. E logo, o Kaleo daquele tempo finalmente assimilava a si mesmo o que seu pai fora até agora, O Criador. Porém aquele que cria também pode destruir com mais facilidade... E apartir daquele momento, Kaleo, A Areia do tempo, mudava para Kaleo, O Destruidor de Deuses. 

- E agora, meu irmão, prepare-se para o que vier e Tenebra. Será sua primeira batalha com rank de Deus onde poderá se revelar por completo. Levará tempo, mas vai alimentar sua fome. - E assim, o mais velho de todos, assim como os outros, se dispersaram para desaparecer dali para sempre. Kaleo agora raramente iria precisar da ajuda dos mais velhos, mas apenas vir de socorro aos seus outros eus pela frente. O que sobrou de Astherium foi seu olho que desde então observaria o mundo a sua frente.








A pressão psicológica era intensa ao atingir o ápice da luta aos 100 anos. A luta que arrancava o suor de cada um estava para chegar ao fim com a carta de triunfo de Kaleo. Tenebra estava bem mais desgastada comparado ao dragão que tinha agora como parar o tempo e retornar à luta quando podia, graças ao poder de Astherium que Tenebra se quer suspeitava.

Finalmente... depois de tanto tempo... está fraca o suficiente para isso. - Kaleo parou o tempo, suficiente para conseguir desacelerar os movimentos de Tenebra e qualquer tentativa de se defender. A luz. Kaleo criou a luz mais intensa que pode na palma de sua mão, danificando a própria deusa a um extento que queimaduras apareceram pelo corpo da deusa. Mas o preço daquilo não iria ser barato, Kaleo foi punido com todas as sombras que Tenebra possuía, invadindo a mente do draconiano e inundando de pensamentos ruins, trazendo à tona seus traumas e medos.

Num grito de dor e agonia, Kaleo soltou Tenebra que estava completamente indefesa e se afastou para correr e nunca mais mostrar as caras. A oportunidade de acabar estava a sua frente mas foi ferido intensamente que teve de se retirar de imediato.


~  Fim? ~